FERMENTO NOS NEGÓCIOS
Aprendendo com os filmes - Mad Max: Estrada da Fúria
Como um dos filmes mais aclamados de 2015 pode trazer lições importantes para qualquer empreendedor
Bons filmes podem trazer grandes aprendizados por meio de suas histórias e pela forma como foram feitos. Em duas horas, muitas vezes, é possível extrair lições de empreendedorismo mais valiosas que em um livro com 200 páginas sobre o tema. É pensando nisso que o Fermento nos Negócios promove uma reflexão sobre filmes e os ensinamentos que eles trazem para os que administram um negócio. E irei dar o pontapé inicial com um dos filmes mais comentados dos últimos tempos: Mad Max – A Estrada da Fúria.
Apontado por alguns como o melhor filme de 2015, é impossível ficar indiferente diante da sua ação ininterrupta, seu universo pós-apocalíptico insano e sua bela fotografia. Se você está com receio de continuar lendo este texto e encontrar spoilers (detalhes que poderiam revelar a história do filme e estragar tudo) pode ficar tranquilo. Só pretendo ressaltar cinco lições que este filme e a história por traz da sua produção podem trazer para o seu negócio.
1 – Se as coisas não saem conforme o planejado, não se desespere.
Quando George Miller decidiu que iria fazer um novo filme sobre Mad Max não imaginava quão difícil seria levá-lo adiante. Tudo estava programado para começar em 2001, mas com o atentado às Torres Gêmeas o custo de produção ficou inviável. A pré-produção foi retomada seis anos depois. Porém, desta vez foi a crise nos EUA em 2008 que interrompeu o projeto. E como se não bastasse, o ator principal Mel Gibson se envolveu em diversas polêmicas que comprometeram sua imagem e fizeram com que recusasse o papel.
Mesmo com todos estes percalços, Miller não se deixou abater. Buscou um novo ator para o papel principal, conseguiu o aval dos estúdios de filmagem e juntou equipe e elenco para finalmente voltar ao deserto australiano onde a história de Mad Max começou em 1979. Mas o inesperado aconteceu: uma tempestade no deserto fez brotar uma vegetação que mudou todo o cenário que o cineasta tinha em mente. A solução então foi realizar as filmagens no deserto da Namíbia, na África. O calor e o ambiente inóspito tornaram as condições de filmagem ainda mais severas. No entanto, nada disso impediu com que Miller realizasse seu filme.
2 – Vá lapidando sua ideia enquanto ela não sai do papel.
Enquanto o diretor enfrentava todas as dificuldades relatadas acima, ele aproveitou para aperfeiçoar vários aspectos do seu desejado filme, mesmo quando envolvido em outras obras como Babe – Um Porquinho Atrapalhado e Happy Feet: O Pinguim (acredite, estes filmes também foram dirigidos por ele). Ele foi aperfeiçoando os detalhes da história e do universo em que ela se passava. Foi assim que surgiram tanto o icônico personagem do guitarrista cego e seu instrumento lança-chamas como o culto em torno dos volantes.
3 – Não explique demais sobre o seu negócio. Busque envolver seu cliente.
Muitos filmes costumam gastar meia hora ou mais apresentando todo o contexto que envolve os personagens antes que a ação comece a se desenrolar. Por exemplo: explicar como alguém se tornou o vilão e quais as suas motivações. Em Mad Max essa preocupação é mínima. Não há muitas apresentações antes do telespectador ser jogado no meio de toda a ação. Isso levou algumas pessoas a criticarem o filme e considerar sua história pobre. No entanto, entendo que o propósito do filme é fazer com que o telespectador se sinta inicialmente perdido naquele mundo insano em que se passa toda a história. Aos poucos, quem assiste começa a conhecer mais sobre os personagens, suas motivações e como chegaram até ali. No fim das contas, tudo o que você deveria saber para desfrutar de um bom filme está ali. Sem firulas.
4 – Use de elementos visuais para partilhar suas ideias.
Miller usou muitas ilustrações para construir seu filme. Foram mais de 3 mil desenhos contando toda a história. Havia um roteiro, mas como a história era simples – todo o filme gira em torno de uma perseguição – as ilustrações foram muito usadas para construir o produto final e comunicar a ideia a todos da equipe. Uma característica muito presente no design thinking.
5 – Não meça esforços para surpreender seu cliente.
Vários elementos fazem com que Mad Max: Estrada da Fúria se destaque entre os demais filmes de ação. Quase não foram usados efeitos especiais computadorizados, o que contribuiu para que as cenas de ação ficassem mais viscerais que as dos demais filmes do gênero. A combinação entre a brutalidade das cenas e a beleza dos cenários também surpreende. Mas a maior inovação do filme é que seu protagonista, aquele que dá título ao filme, não é o personagem principal. Ele acaba se tornando uma peça-chave no plano arquitetado por Furiosa, que rouba a cena cada vez que aparece.
Miller quis contar a história de uma guerreira. Uma história em que ela e outras mulheres se recusam a assumir o papel que lhes foram relegados em um mundo hostil. E é ao apresentar um discurso de empoderamento feminino, em um gênero que costuma atrair mais o público masculino, que Miller surpreende a todos. Em uma cena, Max reconhece que Furiosa é mais capaz ao manejar um rifle que ele próprio. E, sem que ela peça ou sem qualquer diálogo entre eles, Max permite que ela assuma o protagonismo. Um passo marcante para as personagens femininas na história do cinema.
Acredita que o filme permite outros aprendizados? Não concorda com algum dos pontos que coloquei? Por favor, você é convidado a deixar seu comentário e contribuir para este debate. Ficarei muito feliz em receber sua contribuição.
Artigo fermentado em 21/01/2016

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Autor:
Mauro Rodrigues - Consultor em Inovação e Estratégia Empresarial
Consultor e idealizador do Fermento nos Negócios, sou apaixonado por cinema e gosto de refletir sobre os aprendizados que bons filmes podem nos transmitir. SAIBA MAIS...